Esses dias li um texto com o qual me identifiquei. Bom, talvez não com o texto todo, mas com parte.
Era um texto sobre criação de filhos, e a geração de pequenos déspotas que está sendo criada por uma geração de mimados.
Uma das coisas que falavam era sobre elogiar a inteligência da criança com frequência, o que parece ser uma coisa saudável acaba por ter um efeito oposto ao esperado. As crianças acreditam que são inteligentes, e isso é bom, mas como medo de perder o status quo, de deixar de ser vista como inteligente e passar a ser vista como burra, a criança acaba por evitar os desafios. Afinal de contas, se eu não tentar, não vou falhar.
Acho que eu estou em uma fase parecida. Tenho um trabalho que em teoria é muito desafiador e sem rotina, mas na prática tem sido um tédio e sem desafios, sinto que estou perdendo a mão. Mas as pessoas gostam de mim e me respeitam como médico.
Por outro lado há várias outras possibilidades de emprego, voltar a clinicar e voltar a ver todos os tipos de pacientes, mas tenho medo de ter perdido a mão, de deixar coisas importantes passarem, de fazer merda e deixar de ser visto como bom profissional. E, se eu não tentar, não vou falhar, certo?
Pelo lado positivo, sinto que esse medo e esse trabalho que atualmente está entediante têm me puxado de volta aos trilhos, mudado minha visão em relação ao futuro. Acho que está na hora, na verdade tenho certeza de que já passou da hora, de sair da zona de conforto e de virar gente grande.